MPT e Unodc juntam-se em campanha contra tráfico de seres humanos

O Ministério Público do Trabalho e o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc) lançaram uma iniciativa para combater o tráfico humano que utiliza o transporte aéreo, com apoio de outros parceiros.

O projeto Liberdade no Ar explica os truques dos traficantes, as razões pelas quais as pessoas se tornam vítimas e como o pessoal do aeroporto, da companhia aérea e os passageiros podem ajudar.

Em comunicado, a procuradora do Trabalho do MPT-MA Andrea da Rocha Carvalho Gondim, disse que “é essencial aumentar a conscientização sobre o tráfico de pessoas entre comissários de bordo, pessoal de terra e passageiros”.

Gondim contou que teve a ideia do projeto ao ler sobre uma comissária de bordo americana que conseguiu resgatar uma adolescente que estava sendo traficada nos Estados Unidos. Segundo ela, “esta campanha é dirigida a potenciais vítimas que sejam brasileiros que saem do país, com destino a outra cidade ou estrangeiros que chegam ou transitam pelo país”.

Várias animações foram produzidas e estão sendo veiculadas em aeroportos, rodoviárias, entre outros espaços e também nas redes sociais. As histórias apresentadas na campanha são inspiradas em casos reais. São destacadas ofertas falsas de trabalho doméstico bem remunerado, contratos de modelo internacional e carreira de jogador de futebol, que acabam resultando em exploração sexual e laboral no Brasil e no exterior.

Veja um dos vídeos no canal ONU News: https://www.youtube.com/watch?v=Rj_w_jSMNTI.

Responsabilidade
A Unodc afirma que os funcionários do setor têm um papel fundamental na detecção de casos de tráfico, no apoio às vítimas e nas investigações que podem levar ao desmantelamento das redes criminosas e condenação dos responsáveis.

O projeto vai durar os próximos quatro anos. Aeroportos em todo o país estão transmitindo vídeos e distribuindo folhetos e revistas em quadrinhos.

Na próxima fase, os funcionários da indústria receberão treinamento do Unodc sobre como identificar casos de tráfico, intervir, alertar autoridades aeroportuárias e encaminhar os casos.

“O Unodc coopera com companhias aéreas e aeroportos na identificação de vítimas desde 2016 e realiza treinamentos em toda a América Central e do Sul”, explica o especialista Carlos Perez.

Ele disse que, quando as vítimas são traficadas através de companhias aéreas, o controle do traficante pode ser direto ou indireto. “Ou o traficante viaja com a vítima ou existe um controle indireto, com a vítima ameaçada de alguma forma, seguindo instruções precisas, com medo de alertar as autoridades, e no destino é recebida por um membro da rede criminosa”, acrescenta ele.

Em alguns casos, os criminosos fornecem documentos fraudulentos para a viagem. Os documentos verdadeiros e dinheiro são retidos pelo traficante e apenas devolvidos na chegada da vítima.

Histórias

A Associação Brasileira de Defesa da Mulher da Infância e da Juventude, Asbrad, é outra parceira da iniciativa, fornecendo perícia técnica.

Segundo a coordenadora da Asbrad, Graziella Rocha, “é impossível dizer o quão difundido está o tráfico de pessoas no Brasil, porque faltam estudos oficiais atuais sobre o assunto”.

Apesar disso, ela diz que o maior número de casos identificados é para fins de exploração de mão de obra em setores como agricultura, confecções e construção civil.

Graziella Rocha conta que os trabalhadores migram das regiões mais pobres do país para os estados mais ricos. O Unodc planeja estender a distribuição desta campanha a outros países.

 

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