MPT participa de 3º Encontro de resgatados do trabalho escravo em Pindaré Mirim

“A gente trabalhava com roçagem em uma fazenda e era tratado muito mal. Teve gente que saiu de lá sem receber um centavo”. A declaração de Pedro Costa, 59 anos, foi dada durante o 3º Encontro Inter-regional de trabalhadores resgatados do trabalho escravo, evento realizado em Pindaré Mirim pelo Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascarán, nos dias 12 e 13 de maio, com a participação do Ministério Público do Trabalho no Maranhão (MPT-MA).

Pedro foi resgatado juntamente com 20 trabalhadores em Pindaré Mirim. Além deles, o encontro reuniu outras vítimas resgatadas em Açailândia, Santa Luzia, Bom Jesus das Selvas, Caxias e Monção. A programação incluiu depoimentos de resgatados, oficina sobre tráfico humano e trabalho escravo, apresentações culturais e mesa de diálogo sobre a atuação de instituições públicas e organizações da sociedade civil no combate a esse mal.

O MPT-MA foi representado pelo procurador-chefe, Marcos Rosa, que ressaltou a atuação do órgão na repressão, punição e combate. “Infelizmente o trabalho escravo e degradante não ocorre apenas nas fazendas. Ultimamente temos acompanhado muitos casos em áreas urbanas, no setor da construção civil, envolvendo obras públicas. Sem dúvidas, isso é muito grave e tem exigido de todos nós uma atuação firme para cobrar a punição exemplar dos exploradores”.

Segundo dados do Ministério do Trabalho e Previdência Social, existem 3.242 trabalhadores resgatados em todo o Maranhão. Gildásio Meireles, 35 anos, foi outra vítima do trabalho escravo. “Esse é um momento importante para que as pessoas possam ser orientadas. Se tivéssemos conhecimento, não tínhamos caído nessa. Queremos ser tratados como seres humanos e que nossos direitos sejam respeitados”, ressalta ele.

Para o representante da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Luis Fujiwara, o evento permite um conhecimento mais aprofundado acerca dessa realidade. “Não temos como desenvolver uma política efetiva sem contato com os trabalhadores resgatados”, lembra.

“Aqui a gente une esses trabalhadores e trabalhadoras resgatadas e isso reforça a nossa luta. Que nós possamos, juntos, continuar lutando contra todas as formas de violação dos direitos humanos”, finalizou Fabrícia Carvalho, secretária executiva do Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmen Bascarán.

 

*Com informações da Ascom da Sedhpop.

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